PCP demarca-se<br>de voto do CDS
O PCP demarcou-se de um voto do CDS, aprovado no passado dia 29 de Abril com o voto favorável das restantes bancadas parlamentares, de «condenação pelo genocídio de cristãos e outras minorias religiosas em África e no Médio Oriente».
A posição da bancada comunista, que se absteve na votação, foi justificada em declaração de voto onde afirma de forma inequívoca o seu distanciamento dos pressupostos apresentados no texto, que considera ilustrarem a forma como o CDS «vê o Mundo», patente na presença de «elementos que serviram de propaganda a violentas guerras e agressões contra povos inteiros».
Demarcação assumida relativamente a um texto que «não protege ninguém» – divide o Mundo entre Ocidente e Islão, numa lógica que «oculta as verdadeiras razões do terrorismo e de outros crimes» – e que o PCP declara ser feita em nome da defesa e protecção dos católicos, cristãos, muçulmanos, cristão ortodoxos e todas as outras confissões.
Acusando o CDS de utilizar um «discurso desfasado no tempo» – o discurso do «choque de civilizações que teve o seu auge há duas décadas, era então presidente dos EUA George W. Bush» – os deputados comunistas criticam ainda o facto de o CDS, sob uma «capa de justa condenação de hediondos crimes contra povos das regiões de África e do Médio Oriente» estar no fundo a alimentar a «lógica da divisão, do sectarismo religioso, e do fundamentalismo religioso».
«Condenamos o terrorismo, todas as formas de terrorismo, incluindo o terrorismo de Estado. Não usamos irresponsavelmente o termo genocídio para efeitos de propaganda de guerra. Estamos na primeira linha da luta pela paz, pelo respeito da soberania dos povos, da sua convivência pacífica, nomeadamente entre confissões religiosas, defendemos intransigentemente todas as liberdades, incluindo a liberdade religiosa», lê-se na declaração de voto do PCP.
E porque o voto «em vez de apelar à tolerância, instiga ao ódio religioso», «em vez de apelar à união contra os criminosos, divide as suas vítimas», os parlamentares do PCP encontram razões adicionais para não o votar favoravelmente.
Tanto mais que, acrescentam, este é ainda um voto que abre «campo à violência reafirmando o lastro ideológico que está na origem da guerra e dos hediondos crimes do Daesh, do Boko Haram e do Al-shabaab», organizações, lembram, com «ligações directas e indirectas aos EUA, às grandes potências militares da NATO e da União Europeia, às milionárias ditaduras do Golfo e à Turquia cujo acordo com a UE o CDS apoia».